Entre a vida e a morte

                        Entre a vida e a morte

Como ela alcançou o milagre

Por Ivonete Soares (*) / Fotos: Cedidas e Thinkstock

A maternidade é o sonho de muitas mulheres, porém, às vezes, devido a complicações, antes ou durante o parto, esse sonho pode se tornar um verdadeiro pesadelo, como aconteceu com Isabel do Vale, de 38 anos (foto abaixo, à direita).

Em um determinado momento da gestação, ela sentiu um mal-estar e procurou o médico, que lhe disse que as plaquetas (que participam do processo de coagulação sanguínea) estavam um pouco baixas, mas nada que fosseAté esse momento, minha gravidez havia sido normal, com os sintomas próprios de qualquer ansiosa futura mãe. No entanto, na 26ª semana de gestação, senti muitas dores na parte superior abdominal. Ao buscar, novamente, ajuda médica, suspeitaram que se tratava de algum vírus. Comecei a vomitar muito e logo me internaram.

A última coisa de que me lembro, antes de entrar em coma e ser submetida a uma cesariana de urgência, foi que passei a ter convulsões, e naquele dia mesmo os médicos disseram à minha família para ir para casa e deixar o coração de lado. Daí para frente não me lembro de mais nada”, conta.

A criança, pesando apenas 970 gramas, nasceu em um estado bastante delicado. Isabel foi diagnosticada com uma pré-eclâmpsia.

O problema afeta cerca de 5% das mulheres grávidas e ocorre quando há aumento da pressão arterial e presença de proteína na urina. É comum aparecer quase no final da gravidez, por volta da 37ª semana, mas é possível acontecer em qualquer momento e progredir de maneira lenta ou rápida. No caso de Isabel, tudo aconteceu muito rápido.

“Após o nascimento do meu bebê e sem alteração no meu estado clínico, fui transferida para uma unidade intensiva com pré-eclâmpsia grave, seguida de uma eclâmpsia pós-parto. A situação era bastante crítica, já que os meus órgãos vitais incharam muito. Fiquei no isolamento e proibida de receber visitas. Segundo os médicos, já não havia muito o que fazer”, relembra.

A médica que fez a cirurgia dela não dava esperanças nem para Isabel nem para o filho, que nasceu com uma displasia bronco-pulmonar, síndrome do pulmão branco (complicações respiratórias) e o canal do coração aberto.

“Mesmo diante do diagnóstico desfavorável, comecei a dar sinais positivos, porque, embora a situação clínica fosse grave e permanecesse estável, já não estava entubada. Mas sofria muito, com dores fortíssimas. Tinha cateteres espetados por todo lado. Havia sofrido inúmeras transfusões de sangue, plaquetas e plasma. O meu corpo estava repleto de hematomas, inchado, parecia um bicho, com o rosto imenso”, descreve.

Tempos depois, Isabel foi transferida novamente para a maternidade onde estava internado o seu filho (foto abaixo), entretanto, ao chegar por lá, mal sabia quem era.

“Não o reconhecia e nem lembrava de casa, embora no subconsciente, pedisse auxílio a Jesus, pois já O conhecia, sabia que só Ele podia me tirar daquela situação. Foram 3 meses de tormento, até que passei a me movimentar sozinha e sem apoio da cadeira de rodas que vinha utilizando. Nessa hora só pensei uma coisa: preciso ir à Igreja.”

Isabel, então, pediu autorização às enfermeiras do hospital para a deixarem sair por algumas horas. Ela queria e precisava fazer algo muito importante e sabia que daquela atitude dependeria todo o restante da sua e da vida do seu filho.

Subida ao altar

“Mesmo com dificuldade, levaram-me à Igreja, onde, exatamente naquele momento, acontecia a maior e mais importante campanha, a Fogueira Santa de Israel. E eu não hesitei. Tratei de participar naquele dia mesmo, não tinha tempo a perder. Com auxílio, subi ao altar e participei com toda a minha fé – mesmo sem condições alguma – e fiz como Ana: entreguei o meu filho Samuel nas mãos de Deus, bem como a minha vida.

Ao descer as escadas, a certeza da conquista era evidente no meu interior, tanto que quando cheguei ao hospital o meu filho já tinha sido retirado da ventilação mecânica e colocado numa incubadora. Tudo que eu pedi ao Senhor Jesus, cumpriu-se”, testemunha.

Dali para frente, a recuperação foi só uma questão de tempo. Hoje, passada toda a tormenta e a angústia, Isabel só tem motivos para comemorar.

O filho, aos 9 anos, é um menino saudável, bonito, alegre (foto acima) e ela faz questão de finalizar com uma frase certeira: “Deus nunca me abandonou!”

(*) Colaborou Cláudia Pereira (Portugal)

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